É na calada da noite
Que ouço o piscar dos meus olhos
Cujas pupilas se dilatam
Para receber a imensidão escura
Acompanhada dos sentimentos mais íntimos
Multiformas do dia, com sabor de frutos amargos
Carregados por vozes
Que podem ser meu Eu
Ou Espírito de Deus
Mas que não deixam dormir.
Escuto o respirar dos que dormem
E os pensamentos dos insones:
Posso sentir suas vozes,
Ouvir o tom amarelado do arrepender-se
Ver o frescor do refazer-se a um novo dia,
E refazer-me com eles
Sob a luz de seus movimentos agüiviventes,
Porque nesse momento minhas reflexões já não bastam.