você e seus versos
você e essas rimas
você que é a liberdade de
quem escreve pra ninguém
você que é fora do tempo
que é o meu nunca
você que é o pra sempre
dos meus agoras
você que nasceu
no tempo certo pra ser livre
pra escrever pra si
você que é a Poética do
Bandeira
que não conhece convenções
não tem parâmetros – pra que
parâmetros?! –
você e esses pontos tortos
essas vírgulas sem pausa
essas exclamações que
interrogam
(interrogam a si mesma
interrogam a mim
interrogam a Deus)
você que acredita tanto em
Deus
que durante seus poemas
expressou sabedoria
(de Deus
do que é eterno
do silenciar
do observar
do escrever o que se sente)
sabedoria do escrever o que
não se sabe
você, que é a simplicidade
do não saber
a humildade de ver o que é
complexo e não acreditar
e admirar
você que é pra si, sempre pra si –
você que é feita de poemas breves
feita de poucas linhas
que eu leio num segundo, e
me levam a refletir por dias, semanas
você que é a inspiração da
Regina
você que me ensinou a
escrever
– a negar o que escrevo
você que é mais realista que
os seus contemporâneos (e mais livre que os meus)
você que diz mais em três
versos do que eles em três livros
você que é meu espelho
você que como eu não é
ninguém
você, sim, você:
You didn’t live in vain.