20.6.12

Nostalgia

Ela foi pra mim aquelas tardes frias de julho.
Aquelas noites quentes de dezembro.
Aquelas viagens intermináveis.
Ah, como era boa a companhia dela!
Era boa porque era quase nunca;
porque não a conhecia.

Agora, gosto mesmo é da ausência.
Dessas tardes frias de julho sem ela.
Das noites quentes de dezembro sem ela.

Sinto às vezes saudade daquela que eu pensava conhecer.
Mas logo passa:
se a convivência traz desilusão,
traz também alívio.


19.6.12

Para não gritar

Sem falar
Sem respirar
Sem me mover
Surtando
Por você
Por eles
Que puxam
Que sugam
Que torturam
Pare
Não insista
Não exija
Desespero
Não sei pensar
Não sei agir
Sem vida
Sem música
Sem livro
Sem ele
Sem você
Sem mim
Não me basto
Mas me quero
Me preciso
Por um dia
Meia hora
Um minuto
Não fale
Não ligue
Não escreva
Não peça
Não pergunte
Não mande
Não persiga
SÓ ME OUÇA
Não me contenho
Não me conheço
Não mais suporto.

18.10.2011 

18.6.12

O [des]prazer é todo meu


                              A hora do encontro é também despedida.

Agora que se deu nosso encontro,
tenho em mim receio, e até indisposição.
Você? Vergonha.
Não deve ser fácil parir e partir.
Um ‘te perdoo’ faz você sorrir;
e uma porta aí dentro começa a se abrir;
e o universo a se expandir.

Cala essa boca, que não perguntei nenhum por quê.
Só me pergunto, depois de tanto tempo,
será que vale a pena dizer?
Não chora, que a ninguém aqui eu quero amar.
Você fez de mim passado, e pra seu governo,
Seu choro não me faz desistir, nem repensar.

Pra esse seu ‘ao menos’ não existe concessão.
Pro seu pedido eu digo não,
e nesse olho-no-olho,
nesse prazer e desprazer,
na vontade de lhe abraçar e lhe bater,
despeço-me com um Adeus,
que é o que você merece.

08.05.2011